terça-feira, 2 de novembro de 2010

Em busca da perfeição

Em busca da perfeição
Os tempos passam, mudanças acontecem, o mundo gira...Todos os dias novas descobertas surgem e diferentes caminhos se mostram para quem busca alargar os horizontes e ganhar qualidade de vida. Mas, há situações que ainda se mantém e embora se apresentem com embalagem moderna, repetem o mesmo conteúdo arcaico, rígido e preconceituoso. Um exemplo é o comportamento feminino que, apesar de ter passado por algumas transformações, continua repetindo velhos padrões.
Antigamente, as mulheres viviam reclusas ao lar envoltas em suas tarefas domésticas e cuidando dos filhos. A casa era o seu mundo, transformada em um ambiente bem cuidado, acolhedor e harmonioso para toda a família. Sem direito ao trabalho fora de casa e ao diploma universitário, elas tornavam-se as “rainhas do lar” e esmeravam-se na arte da culinária, do bordado, da costura e do recato. Isto bastava para serem aceitas na sociedade. A submissão era o que se esperava delas.
Foi só recentemente que as mulheres se emanciparam e puderam ingressar na universidade e no mercado de trabalho alcançando postos antes ocupados somente por homens e ainda receberam licença para votar. Esses ganhos proporcionaram independência e autonomia às mulheres do nosso tempo que se dão ao direito de fazer escolhas e de decidir o que mais lhes convém. Mas, será que esta liberdade é deveras real como se imagina?
Continuamente, pesquisas sobre a vida de milhares de mulheres de idades, profissões e classes sociais diversificadas, tem mostrado que, em sua maioria, o universo feminino anda com um nível altíssimo de exigências e expectativas. As mulheres de hoje querem tudo da vida: filhos, marido, carro, viagens, casa, carreira, corpo perfeito e tempo ilimitado para as grandes emoções, compras, aventuras e badalos da vida moderna.Tudo isso em grande estilo e perfeição, sem abrir mão de nada. Precisam ser magníficas em tudo. Mas, onde fica a paz, a alegria de viver e o encontro com a própria alma? Parece que estas mulheres precisam provar sua competência a qualquer preço para serem aceitas. Abdicam do seu poder feminino e da sua intuição e se colocam nas mãos de médicos, estilistas, padres, pastores, namorados, maridos e filhos a lhes ditar as regras de como deveriam ser e proceder. Perdidas, correm atrás de um modelo e não percebem que, cada uma de nós já tem na alma um modelo único. Continuam “belas adormecidas” apesar da modernidade que elas apregoam por aí. Essa busca pela perfeição e por uma vida irreal, sem limites e voltada apenas para o “ter”, está anestesiando a percepção dos seus dons, dos seus anseios mais profundos e das suas verdadeiras realizações e vitórias ao longo de suas trajetórias. Elas deixaram de existir e apenas “vivem”correndo daqui e dali, incógnitas e invisíveis para si mesmas.
Será que um dia essas mulheres serão realmente livres para então, viverem em paz consigo e com a sua real vocação? Renata de Melo Moreira

Nenhum comentário:

Postar um comentário