Uma data tão marcante
em nossos calendários de vida e impossível não sensibilizar com alegria ou
sofrimento que ocorre dependendo se estamos acompanhados ou não.
Em minhas andanças
pelas ruas e avenidas da cidade pude perceber o quanto as pessoas se envolvem
nessa magia rósea ,onde casais com olhares lânguidos se entrelaçam provocando
sensações, que mexem com a nossa fantasia de “felizes para sempre”.
É esse êxtase que
provoca a dor naqueles que seguem solitários pelos caminhos.
Alguns perderam seus
amores e outros jamais os encontraram.
A vida amorosa é repleta de sutilezas, que jamais
conseguiremos entender usando os parâmetros humanos e, portanto falíveis dessa
nossa singela personalidade.
O amor existe e é mesmo
gostoso demais esse aconchego que sentimos ao abraçar aquele ou aquela que nos
encalora o corpo e a alma.
O enamorar-se é um
desejo que arde em nossas entranhas e quando deixamos fluir esse sentimento a
vida fica colorida e tudo tem mais sabor e mais emoção.
Amar é sentir a
presença de Deus. É habitar o paraíso onde tudo parece perfeito e, mágico.
É perfume e enlevo.
Quantos casais juram
amor eterno e antes que as flores murchem o amor já se foi como um vento forte,
que passa destruindo tudo que encontra pelos caminhos.
Mas quem de nos ao
enamorar-se imagina essa decadência!
O par é o nosso
paradigma de felicidade e a nossa ilusão.
Penso que por esse
motivo todos nos temos essa ânsia de estar junto a alguém. E quando isso não
acontece vem a dor e a decepção acompanhada de baixa estima e de tanta culpa.
Vamos ao fundo do poço
e la nas profundezas da dor olhamos indignados ou invejosos os que têm seu par
e a dor é cruel.
A alegria daqueles bem
aventurados que desfilam com um enorme buque de rosas vermelhas é o inverso da
tristeza daqueles que seguem a mercê do desejo e da inveja.
A carência afetiva é
determinante e certamente o maior motivo de sofrimentos daqueles que esperam um
alento de “olho no olho” e de “beijo na boca”.
A vida amorosa sempre
foi muito mágica para mim, mas também muito sofrida e eu posso com certeza
discorrer sobre esse assunto emocionante e que me traz também recordações deliciosas.
Minha infância foi
recheada de eventos que trouxeram o jeito amoroso da minha mãe em todos os
acontecimentos. O dia dos namorados era
comemorado em minha casa com muitas “simpatias” que a minha mãe como ninguém
sabia fazer.
E para mim sempre
curiosa e destemida era um ir e vir de emoções.
Lembro-me que eu queria
casar. E então era um tal de ver com quem eu iria casar. E isso era feito com
muito humor e eu levava a serio mesmo.
Duas “simpatias” eram
corretamente preparadas na noite que antecedia o dia dos namorados.
Minha mãe colocava em
minhas mãos um punhal e com ele eu fazia um corte no caule da bananeira que
escorria um liquido. No outro dia, nós acordávamos bem cedo, alias eu nem
dormia direito, para retirar o punhal e ler o nome que aparecia “escrito”no
caule desenhado pelo liquido que secava.
Juro que sempre havia
um nome ou uma letra que iniciava o nome do príncipe encantado.
E é claro que eu
desvendava o mistério pensando em todos os nomes dos vizinhos, que eu conhecia.
Afinal meu mundo era reduzido aos vizinhos porque ainda muito pequena nem tinha
noção do mundo real.
Mas era assunto para um
ano inteiro, porque no outro ano tudo era feito novamente e com mais nomes
masculinos.
Outra “simpatia”
deliciosa era mais simples, mas nem por isso menos atraente.
Num prato branco com
água filtrada eram depositados os nomes dos possíveis namorados.
Eu cuidadosamente
cortava os papeis brancos e junto com minha mãe fazíamos a lista dos
candidatos. Novamente os vizinhos e um papel escrito “de longe” e eu ficava
imaginando se seria de Portugal ou Egito que eram os lugares que mais me
interessavam pelas historias contadas pela minha mãe.
Os papeis eram
enrolados e colocados dentro do prato. Quando amanhecia eu corria
para ver qual papel
estaria aberto. Esse que se abria era o nome do futuro príncipe.
E sabem de uma coisa?
Eu me casei com um dos
vizinhos que sempre estava na tal lista do prato com água e na bananeira ficou
registrada a primeira letra do seu nome.
Um dia a bananeira foi
derrubada como a me mostrar que os sonhos também podem ser destruídos e quando pensava que tudo estaria
perdido eis que nasce bela e forte uma outra bananeira, das entranhas
daquela, que me contou que SERIA
possível sonhar de novo porque o sonho
nunca termina.
Minha mãe em seu
grandioso saber de mulher simples foi incentivando em mim o prazer de viver os
pequenos sonhos e seu amor delineou toda a minha existência.
Suas historias permeiam
meu inconsciente e eu ofereço aos que procuram seu par, todo o encantamento
desses momentos de sedução e prazer, que meu coração de criança acreditou ser
verdade.
Quem sabe enamorar-se
por si mesmo seja o caminho do amor.
Enamorar-se da vida e
do céu de estrelas brilhantes nessa noite de magia.
A lua esta linda. O
amor existe.
Mariyah em 12.06.2012